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Antecedentes familiares, ter tido um bebê com mais de 4 quilos ou
engravidar acima do peso estão entre os fatores de risco para
desenvolver o diabetes gestacional. Além disso, os médicos consideram
que mulheres com mais de 35 anos têm maior propensão à doença por conta
de alterações na placenta. Conheça os detalhes.
Como fica o dia-a-dia?
O
tratamento é essencial para não prejudicar o bebê. Isso aumenta as
visitas ao médico: no início, a cada três semanas; depois da 28ª semana,
a cada duas semanas; e a partir da 36ª, toda semana. Normalmente, o
controle do diabetes acontece por meio da alimentação. O que não
significa apenas cortar docinhos e barras de chocolate, mas também
reduzir a porção de carboidratos, que se transformam em açúcar no
sangue. Em geral, aumenta-se a quantidade de proteínas ingeridas e de
refeições também: de seis a sete por dia. Praticar alguma atividade
física também é recomendado. O excesso de glicose é usado como energia
para a prática do exercício.
Preciso de insulina?
São
poucos os casos, mas algumas mães necessitam de aplicação diária de
insulina. E estas precisam fazer um controle rígido da glicemia, cerca
de duas a três vezes por dia. Existem medidores digitais, bem fáceis de
usar e com a necessidade de uma única gota de sangue.
Após o parto: como evitar o problema no futuro
Estudos
indicam que 50% das mulheres que tiveram diabetes
gestacional desenvolvem a doença de seis a oito anos após a gravidez.
Existem medidas simples que podem evitar isso. Uma pesquisa chamada DPP
(Diabetes Prevention Program) avaliou as mudanças do estilo de vida nas
pessoas. O grupo que conseguiu melhorar a alimentação e praticar uma
atividade física com regularidade não desenvolveu diabetes. “A questão é
que mudar os hábitos é uma das principais dificuldades de qualquer
um”’, diz o médico Luiz Turatti.
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1. O que é diabete gestacional?
“É o aumento dos níveis de açúcar no sangue na gravidez”, esclarece
Lenita Zajdenverg, endocrinologista e nutróloga responsável pelo
acompanhamento de gestantes diabéticas da Maternidade Escola do Hospital
da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na maior parte dos casos, o
problema, que afeta cerca de 7% das mulheres, aparece depois do segundo
trimestre e, uma vez diagnosticado, persiste até o fim da gestação.
2. Por que esse tipo de problema pode ocorrer durante a gestação?
A placenta produz diversos hormônios que podem bloquear parcialmente a
ação de insulina, a substância responsável pelo transporte do açúcar do
sangue para dentro das células. “Na maioria das mulheres, o pâncreas
reage a essa situação liberando mais insulina para superar essa
resistência”, explica Lenita Zajdenverg. Mas em pacientes com o diabete
gestacional, é como se a glândula não desse conta do recado. Em outras
palavras, a produção de insulina é insuficiente para que o corpo
processe adequadamente o excedente de glicose que está na circulação.
Daí, conforme as semanas de gravidez avançam e a placenta cresce,
eleva-se o risco do diabete surgir.
3. Quais são os sintomas?
Se a futura mãe não estiver altamente descompensada, ou seja, com as
taxas de açúcar no sangue muito elevadas, ela não vai ter nenhum sinal
do problema. “Somente em casos mais extremos a doença pode gerar
mal-estar, cansaço e muita sede”, observa Eduardo Slotnik, obstetra
especialista em gravidez de alto risco do Hospital Israelita Albert
Einstein, em São Paulo. Além disso, os efeitos tradicionais da doença se
confundem com sensações bem familiares às futuras mamães, como fadiga,
apetite elevado e aumento das escapadas ao banheiro para fazer xixi.
4. Algumas mulheres estão mais propensas ao diabete gestacional?
Sim. De acordo com Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospital
Sírio-Libanês, em São Paulo, estão mais propensas ao problema as
gestantes obesas ou que engordaram em demasia ao longo da gravidez, as
portadoras de ovário policístico e aquelas com histórico de diabete na
família. Também fazem parte desse grupo mulheres cujo primeiro bebê
nasceu muito acima do peso.
5. Como é o diagnóstico da doença?
O problema é detectado por meio de um exame de sangue, feito em torno
da 24ª semana. Alguns médicos defendem que todas as gestantes devem
fazê-lo, outros especialistas acreditam que ele deve ser restrito a
aquelas com propensão ao mal. “Se for constatado o diabete, o
acompanhamento deve ser mais específico e inclui avaliações periódicas e
mais detalhadas, como a curva glicêmica”, explica Alexandre Pupo. Nesse
exame, a gestante bebe uma espécie de concentrado de glicose. Em
seguida, de hora em hora, colhe-se uma amostra de seu sangue para checar
quanto tempo o açúcar demora para desaparecer da corrente sanguínea.
Assim, uma hora depois de o líquido ser ingerido, o nível de glicose não
deve ultrapassar 180 mg/dl. Duas horas depois, essa valor não deve
ultrapassar o limiar de 155 mg/dl. Por fim, após três horas, deve ser
menor do que 140 mg/dl. O crescimento acelerado do bebê ou o aumento do
líquido aminiótico, diagnosticados por meio do ultrassom, também podem
indicar a presença do excesso de açúcar no sangue.
6. Como é o tratamento?
“A maior parte das mulheres que têm diabete gestacional consegue
controlar as taxas de açúcar apenas com dieta e, se não houver
contra-indicação, com a prática de uma atividade física”, esclarece
Lenita Zajdenverg. Apenas 20% delas precisam fazer uso de insulina, que é
um tratamento seguro e não afeta nem a mãe nem o bebê. “Tudo depende do
grau do problema. Se as taxas de açúcar estão pouco alteradas não é
preciso entrar com remédios”, explica o ginecologista Eduado Slotnik.
7. E como fica o tratamento de quem já era diabética?
“A paciente que já era diabética e fazia uso de remédios como os
hipoglicemiantes orais deve trocar a medicação para a insulina antes
mesmo de engravidar. Isso porque esses medicamentos são contra-indicados
para o período”, ressalta Alexandre Pupo. Por isso a importância de ela
ter uma gravidez planejada: “No momento da fecundação as taxas de
açúcar devem estar bem controladas, porque esse deslize pode provocar a
malformação do bebê”, completa Lenita Zajdenverg. Fora isso, a filosofia
de tratamento é a mesma: cuidar da alimentação e evitar o sedentarismo.
8. É verdade que a grávida diabética contrai infecções com maior facilidade?
Depende. Se o diabete estiver controlado isso não acontece. As
infecções geralmente ocorrem em pacientes que estão com as taxas de
açúcar muito elevadas.
9. O problema desaparece depois do parto?
Sim. Os níveis de açúcar costumam se normalizar de três dias a uma
semana após o nascimento do bebê, já que a causa do problema (a gravidez
em si) já não existe.
10. Quem teve diabete gestacional corre maior risco de se tornar diabética com o passar dos anos?
Sim. O fato de a mulher ter tido a doença durante a gravidez serve de
alerta para que mantenha uma vida saudável, evite ganhar peso e pratique
alguma atividade física. Afinal, o pâncreas, que é o responsável pela
liberação da insulina, já avisou de que talvez não consiga lidar a
contento com o excesso de açúcar no corpo.
11. Existe alguma restrição em relação à amamentação?
Não. “A mãe pode ter um leite com um pouco mais de açúcar. Mas isso não
é muito preocupante e não demora a se estabilizar”, diz Alexandre Pupo.
12. Durante a gestação o bebê corre algum risco?
“Dois terços do açúcar da mãe vão para o bebê. Essa dose extra de
glicose sobrecarrega o pâncreas da criança que, então, começa a produzir
mais insulina” explica Paulo Nader, presidente do Departamento de
Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Para completar, a
insulina, além de processar o açúcar do sangue, é um hormônio anabólico,
ou seja, ele promove o crescimento de alguns órgãos e tecidos. Dessa
forma, níveis elevados dessa substância vão interferir diretamente no
desenvolvimento do feto, que pode se tornar um bebê com um tamanho acima
da média. Felizmente, a maioria dos casos de diabete gestacional evolui
bem.
13. É verdade que o peso exagerado do recém-nascido nem sempre é um bom sinal?
Sim. Nem todo bebê gordinho e rechonchudo é saudável. Os filhos de mães
que tiveram diabete gestacional descontrolado, além da gordura
subcutânea em excesso, desenvolvem, por assim dizer, órgãos agigantados,
especialmente o fígado e o coração. “Um recém-nascido com um coração
hipertrofiado corre o risco de ter problemas de circulação e
dificuldades para bombear o sangue”, alerta Paulo Nader.
14. É preciso ter algum cuidado adicional na hora do parto?
Na verdade, os cuidados se concentram ao longo da gestação, antes,
portanto, do nascimento do pequeno. É com esse acompanhamento que a mãe
vai garantir a saúde do bebê e dela própria. O certo é que o diabete não
vai interferir na escolha entre a cesariana ou o parto normal. Essa
decisão depende de fatores alheios ao problema. Mas vale lembrar: o
tamanho do bebê é uma variável importante nesse momento, porque se ele
for grande demais dificilmente virá ao mundo por meio de parto normal.
“A equipe médica deve ser avisada sobre a condição da mãe e a glicemia
avaliada. De resto, os procedimentos na hora do parto são semelhantes
aos adotados em situações consideradas normais”, explica o ginecologista
obstetra Eduardo Slotnik.
15. Como devem ser os cuidados com o bebê logo após o parto?
O filho de uma mãe diabética recebeu doses elevadas de açúcar durante a
gestação. Para equilibrar essa condição, seu pâncreas produziu mais
insulina do que o habitual. Assim que ele sai do ambiente uterino, para
de ser alimentado com esse grande volume de glicose e pode apresentar um
quadro de hipoglicemia. Se isso acontecer, o bebê é medicado para que o
açúcar no seu sangue entre em equilíbrio.
16. É verdade que esse bebê tem maior probabilidade de ter icterícia?
Sim. A icterícia acontece por conta do excesso de bilirrubina, o que dá
à criança um aspecto amarelado. Essa substância é um produto do
metabolismo da hemoglobina, um dos principais componentes do sangue. O
distúrbio é comum em filhos de mulheres cujo diabete gestacional não foi
controlado corretamente. “Pelo crescimento exagerado da criança ela
acaba precisando de mais sangue e, assim, de mais hemoglobina”, conta
Paulo Nader.
17. O bebê também pode ter mais problemas respiratórios?
Sim. Os problemas respiratórios do bebê são uma consequência do tamanho
exagerado da criança ao nascer e do descompasso na adaptação do corpo
–a insulina pode colaborar para uma hipertensão pulmonar.
18. Quais as chances dessa criança ter diabete no futuro?
A mulher que tem diabete antes da gravidez corre mais risco de passar a
condição para seus descendentes. “O pâncreas desse bebê foi estimulado
durante toda a gestação. E é constatado que com isso ele terá mais
facilidade em desenvolver obesidade e diabete mais tarde”, explica Paulo
Nader. Esse risco, no entanto, vai depender também de outros fatores,
como o estilo de vida sedentário.
19. Há risco de o diabete gestacional se manifestar novamente em uma mulher que já teve esse quadro?
Sim. Ela correrá seis vezes mais risco de desenvolver o problema
novamente porque o pâncreas, que é o responsável pela liberação da
insulina, já deu sinais anteriormente de que talvez não consiga lidar
com o excesso de açúcar no corpo.
20. Dá para reduzir o risco de desenvolver o problema?
Sem dúvida. Uma estratégia de prevenção certeira se dá por meio da
adoção de uma dieta saudável e da prática regular de alguma atividade
física.
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